9 - Olhar para o mundo com outros olhos! Como compreender desentendimentos culturais
Olhar para o mundo com outros olhos! Como compreender desentendimentos culturais
1. A Anna, uma educadora do pré-escolar numa grande cidade em Itália, adora que haja variedade de origens culturais na sua escola.
Anna: Adoro a minha turma!
Mas, às vezes, ela não sabe o que pensar e como lidar com certos comportamentos.
2. A Aminah, uma mãe nigeriana, normalmente leva a sua filha, Latifah, para a escola muito tarde de manhã.
Anna: É muito tarde!
Ao falar com os seus colegas, a Anna diz que a Aminah é uma mãe maravilhosa, mas que não respeita as necessidades da criança e o horário da escola o suficiente, especialmente no momento de círculo de manhã.
Anna: Será que ela se importa?
3. Mas, vamos tentar ver as coisas de outra perspectiva! A Aminah nunca teve uma experiência no pré-escolar. Ela cresceu numa vila rural onde as crianças pequenas ficavam em casa e brincavam juntas na estrada: sem horários, sem momentos de círculo!
4. Quando a Anna lhe pediu para prestar mais atenção à hora de entrada e à hora do círculo, a Aminah não percebeu, mas não se atreveu a perguntar. No seu país, não é respeitoso fazer questões a um professor.
Anna: Tentem chegar a horas.
Aminah (a pensar): Será que ela me está a julgar de forma negativa.
5. A Anna também ficou surpreendida quando a Eliane, uma mãe brasileira de dois gémeos de 5 anos, lhe perguntou se as crianças já tinham começado a aprender a ler e a escrever um pouco na escola.
Eliane: Quando é que lhes ensina a escrever e a ler?
A Anna achou que essas perguntas eram desapropriadas: essas são atividades para a escola primária.
Anna: Isto não é a escola primária!
6. Mas vamos tentar ver as coisas de uma outra perspetiva! Quando ela era criança, no Brasil, a Eliane gostou de começar a aprender um pouco a escrever e a ler no pré-escolar e a sua mãe ficou muito orgulhosa.
Mãe da Eliane: Uau! Muito minuciosa!
7. A Eliane também está preocupada que os seus filhos não aprendam italiano tão rápido como as crianças italianas e que ela não seja capaz de os ajudar.
Mãe italiana para o seu filho: Repete a aula comigo!
Eliane (a pensar): Como é que posso ajudar o meu filho se não domino o italiano?
8. A Anna, a Aminah e a Eliane, todas, querem o melhor para as crianças, mas não se compreendem umas às outras.
Os comportamentos de interação de pessoas que não estão conscientes de diferentes origens culturais e experiências de vida podem causar más interpretações.
9. A cultura é como um icebergue.
No nível da superfície, podemos ver o que as pessoas fazem, comem, vestem, produzem.
O nível mais profundo reflete porque é que as pessoas fazem o que fazem: valores, crenças, atitudes.
A cultura também pode ser vista como uns óculos inconscientes pelos quais vemos o mundo.
Quando conhecemos uma pessoas com “óculos culturais” diferentes podemos apercebemo-nos que eles estão a usar um par de óculos também!
10. A Anna pode sentir que a Aminhah e a Eliane não veem e não pensam as mesmas coisas que ela e isso é verdade!
Anna: Posso tentar dizer-te o que é o tempo de círculo.
Aminah: Obrigada! Não me atreveria a perguntar!
11. Se a Anna demora tempo a perceber, tenta expressar explicitamente o que pensa e peça que faça o mesmo, elas podem descobrir a perspetiva uma da outra e começar a conversar.
Anna: Consigo agora ver porque é que às vezes tem preocupações com a língua, irei prestar mais atenção!
Podemos todos aprender uns com os outros e descobrir que alguns óculos culturais podem acrescentar novas cores interessantes aos nossos.
12. Isto também é verdade para as crianças.
As crianças podem partilhar coisas diferentes que aprenderam com os pais e as coisas comuns também, crescendo com mais flexibilidade mental!
Sara: A minha mãe diz-me para, ao comer, usar só a mão direita!
Alice: A minha mãe diz-me para usar o garfo e a faca!
Boh: Eu só uso pauzinhos!
Todos juntos: As nossas mães não querem que desperdiçamos comida!